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terça-feira, 2 de julho de 2013

REVOLUÇÕES NO BRASIL E A HISTÓRIA BÍBLICA


É do conhecimento de todos que nos últimos dias o Brasil vive uma onda de manifestações populares. Podemos dizer que estes manifestos ainda se encontram na crista da onda, e que não sabemos qual será o efeito real do seu impacto na história do país.

Estas reivindicações populares demonstram na prática o princípio que todo o poder emana do povo, como reza o Art. 1, §1 da Constituição federal de 1988. Devemos frisar, todavia, que não apoiamos, muito menos queremos confundir depredação do patrimônio público com reivindicação popular, ambas são diametralmente opostas – ainda que estejam presentes em muitas manifestações, tanto pelo clima tenso da situação ou mesmo por determinação de algumas pessoas infiltradas nos manifestos.

Tendo isso por assentado, nosso objetivo neste presente artigo é visualizar em duas situações registradas na Bíblia o resultado da indignação popular em decorrência de uma má gestão pública, ou condições sociais insustentáveis. Nossa análise vai se basear nos textos de Neemias 5 e 1 Reis 12.

Neemias 5.1-5 trata de um tema bastante atual: reivindicação dos direitos do cidadão. Como cidadãos possuímos direito à vida, trabalho, educação, saúde etc. Muito tempo antes da Revolução Francesa com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão em 1789 cujo lema era liberdade, igualdade e fraternidade, os judeus aqui querem reivindicar seus direitos civis.

A greve em Jerusalém, durante a reconstrução do muro da cidade, foi provocada por três motivos: 1. pouca comida para uma família grande (v.2). Isto é uma realidade bastante atual. A maior parte dos brasileiros não consegue dar uma alimentação digna aos seus filhos.

João no livro do Apocalipse, descreveu, muito tempo depois, a mesma situação que parece se atualizar insistentemente em algumas partes do mundo, neste caso, o aumento do preço dos produtos alimentícios (Ap. 6.6). O cavalo com a balança na mão é na verdade símbolo de escassez. Pão pesado em balança significa carência (cf. Ez. 4.10-17). Um quilo de trigo por um denário – o denário era o salário de um dia de trabalho – constitui na época o aumento de oito a doze vezes o preço do produto. Sem falar que isto é uma porção capaz de satisfazer somente as necessidades diárias de um trabalhador braçal. Se ele desejasse alimentar sua família teria de comprar cevada, três vezes mais barato que o trigo, no entanto, um grão inferior. Em algumas regiões da Palestina a cevada servia de alimento para animais. O texto de Ap. 6.6 termina dizendo que o vinho e o azeite não seriam danificados. Em outras palavras, os artigos de luxo dos ricos permaneceriam inalterados. Eles continuariam com suas regalias enquanto que a maioria da população estaria lutando para sobreviver. João não poderia ter escrito um texto socioeconômico mais atual que este.

2. Algumas famílias tiveram que dar a terra como garantia para a aquisição de comida (v.3). A terra em Israel era um meio de sobrevivência. Havia, essencialmente, uma agricultura de subsistência. Com isto, a renda familiar vinha da terra. A propriedade não poderia ser definitivamente vendida. Se o fosse, deveria ser devolvida depois de cinquenta anos (Lv. 25.8-28), pois o princípio era que a terra pertencia ao SENHOR (Lv. 25.23,24). É com base nisto que o texto de 1Reis 21.1-4 deve ser entendido. Nabote, na passagem em questão, quer ser fiel ao seu princípio religioso, que era a preservação da terra em seu próprio clã. Acabe, o rei da época, a representação do Estado, não tinha direito de tomar a terra que pertencia a Nabote. A implicação disto, é que o homem não existe para o Estado, não obstante este deva existir para o cidadão.

3. Outras famílias viviam o problema das taxas de juros dos seus empréstimos para pagamento de tributos (v.4). A taxa do imposto prejudicava muito a renda familiar. Quando não se conseguia pagar os empréstimos, o credor tinha o direito de tomar os filhos do devedor como pagamento (ver 2Reis 4.1). Isto havia ocorrido com muitas famílias na época de Neemias (Ne. 5.5). O pior era que as filhas dos israelitas estavam sendo vendidas como escravas para seus próprios compatriotas, violando assim a recomendação expressa de Moisés (Lv. 25.39-43). A prática de se receber os filhos como pagamento de empréstimos ainda perdurava na época de Cristo, o que pode ser visto na parábola do servo impiedoso em Mt. 18.24,25.

Vamos postar, se Deus permitir, o texto de 1Reis 12 para conclusão de nosso assunto. Até lá.

4 comentários:

James Cleber disse...

Olá prof. Anderson!
Parabéns pelo artigo. Devemos mesmo refletir temas como estes, e até mesmo participarmos se necessário for de manifestações legitimas e ordeiras. O cuidado que devemos ter é deixarmos bem claro o que estamos revindicando, para não endossarmos plataformas de movimentos liberais,homossexuais, e outros contrários aos nossos princípios.
Um Grande abraço,
James Cleber

Anderson Queiroz disse...

Concordo plenamente com você James. Nosso direito enquanto cidadão nunca deve contrariar os princípios da Palavra de Deus. Não podemos nunca esquecer nossa cidadania celestial. Muito boa sua observação.
Um forte abraço.
Anderson Queiroz

Anônimo disse...

Boa colocação Pastor, a palavra de Deus é tão perfeita ativa e objetiva que ate os nossos direito como cidadão ela nos mostra a fazer da maneira certa... Que o seu conhecimento venha sempre do Espirito Santo

Anderson Queiroz disse...

Correto Robson. A Bíblia nos ensina o correto exercício da cidadania, e mais, ela resgata o seu verdadeiro sentido.
Um forte abraços.
Anderson