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segunda-feira, 6 de maio de 2013

DISCIPLINA NA IGREJA, PARTE II


AS DISCIPLINAS EM UMA IGREJA BATISTA

Nós batistas costumamos distinguir a disciplina na igreja de três formas: disciplina formativa, corretiva e cirúrgica.

DISCIPLINA FORMATIVA

Toda instrução que a igreja recebe, seja por meio de pregação ou estudo bíblico pode ser denominada de disciplina formativa. Seu alvo é formar constantemente o caráter de Cristo na vida do discípulo. Como nunca alcançaremos o perfeito caráter de Cristo nesta era, a disciplina formativa perdurará até a vinda de Jesus. Todo ensino (disciplina formativa) de Paulo aos gálatas era a demonstração do seu desejo de ver “Cristo formado em vocês” (Gl. 4.19).

A igreja de Éfeso em Ef. 5.3-7 recebe uma instrução paulina que se enquadra muito bem no nosso conceito de disciplina formativa. Nos vs. 3,4 Paulo diz “o que não deve haver” no meio da comunidade cristã. E se alguém perguntasse o motivo dessa exigência, ele afirmaria “que essas coisas não são próprias para os santos”. O objetivo do conselho, é que os integrantes da igreja de Éfeso não ficassem fora do Reino de Deus (vs.5,6). Por fim, no v. 7, Paulo expressa o desejo que seu ensino seja absorvido na prática diária dos crentes efésios.

A disciplina formativa é, neste sentido, preventiva. Ela alerta o crente sobre o perigo de uma conduta irrefletida da vida cristã (cf. Ef. 5.15-18).

DISCIPLINA CORRETIVA

A Bíblia deixa bem claro que o crente não está isento de possíveis falhas em sua vida cristã. Nem mesmo a simples participação na igreja impede que os crentes não estejam expostos aos perigos das tentações na vida (1Co. 10.1-12).

Quando na igreja alguém erra, é da responsabilidade dos irmãos conhecedores do fato, a aplicação da disciplina corretiva. O objetivo nunca é afastar a pessoa da igreja. A intenção deve sempre ser a restauração do culpado. O teólogo Wayne Grudem diz que “o propósito principal da disciplina eclesiástica é alcançar o duplo alvo da restauração (levar o pecador ao comportamento correto) e de reconciliação (entre cristãos e com Deus)”. (GRUDEM, p. 750).

Em Gl. 2. 11-14 temos um claro exemplo de disciplina corretiva. Em Gl. 2.1-10 Paulo deixa bem claro que com o evangelho de Cristo as exigências judaicas não eram necessárias aos gentios. Pedro tinha assimilado isto, pois o texto diz que “ele comia com os gentios” (v. 12). Era um costume em Antioquia, judeus-cristãos partilharem uma refeição comum com os gentios convertidos. Mas com a chegada de um grupo liderado por Tiago, que era rigoroso no que diz respeito às regras alimentares estabelecidas por Moisés (cf. Lv. 11), Pedro afastou-se e separou-se dos gentios (v. 12). Outros judeus tiveram a mesma conduta (v. 13). Diante disto, Paulo repreendeu Pedro e os outros judeus, pois “não estavam andando de acordo com a verdade do evangelho” (v. 14a). O fato de Paulo falar diretamente para Pedro, é que este desde cedo tinha assumido uma postura de liderança na igreja (Mt. 16.15,16; At. 2. 14). Nos vs. 16-21 Paulo expõe a razão teológica para a repreensão feita com o apóstolo Pedro.

DISCIPLINA CIRÚRGICA

Esta disciplina é o último passo na tentativa de restaurar a pessoa que cometeu determinado pecado. Ela é denominada de cirúrgica porque sua ação se dá no afastamento do integrante da igreja. A disciplina cirúrgica – a exclusão - não quer dizer que a igreja não conseguiu restaurar a vida de um dos seus membros, antes, é uma tentativa de levar o faltoso ao verdadeiro arrependimento. “Assim como, às vezes, é preciso tirar fora parte do corpo físico para que o corpo todo não pereça, da mesma forma também acontece na igreja” (ZACARIAS SEVERA, p. 389).

Em 1Tm. 1.20, Paulo informa que Himeneu e Alexandre foram excluídos da igreja – “entreguei a Satanás” no linguajar paulino – com o intuito de que “aprendam a não blasfemar”. A exclusão deve servir como um tratamento de choque para o crente que demonstra resistência em se arrepender. Mais uma vez queremos enfatizar que seu objetivo é a restauração do impenitente.

A disciplina cirúrgica serve também para ensinar a igreja que não se pode confundir amor com tolerância ao pecado. As igrejas de Pérgamo (Ap. 2.14,15) e Tiatira (Ap. 2.20) estavam tolerando o erro ao permitirem que pessoas que já haviam dado prova de uma vida incompatível com o evangelho, fossem ainda membros de suas comunidades. Jesus advertiu essas igrejas, que devido ao não exercício da disciplina, Ele mesmo faria com que o erro fosse punido (Ap. 2.16; 21-24).

A disciplina cirúrgica protege a pureza da igreja e não permite que o nome de Jesus seja difamado pelas pessoas de fora. A igreja não pode permitir que o nome do Senhor seja desonrado com o erro de alguns de seus membros, da mesma forma que o nome de Deus era “blasfemado” por causa do comportamento de alguns judeus na época de Paulo (cf. Rm. 2.17-24)

5 comentários:

Anônimo disse...

Amado irmão Anderson, gostaria que o irmão falasse sobre disciplina na igreja hoje. Então, nós sabemos que a disciplina bíblica, deve ser aplicada de três formas, como o amado deixou claro no presente estudo. muito bom e explicado o estudo do irmão! Mas eu tenho visto na atualidade, que não se aplica mais a !disciplina cirúrgica" em algumas igrejas. O argumento de alguns líderes, é que não se pode excluir um membro da igreja para não expor a igreja a justiça e proteger a igreja de ser condenada à pagar indenização por danos morais etc. Quando prevalece esses argumentos, o membro faltoso, que as vezes está cometendo pecados terríveis, é apenas afastado dos cargos e não é desligado do rol de membros. Eu vejo que a disciplina cirúrgica, nesses casos, não está sendo aplicada. Sempre que a igreja toma conhecimento de pecados por parte de um irmão, a igreja nomeia ou já elege anualmente uma comissão, que pode ser chamada de COMISSÃO DE DISCIPLINA, ou COMISSÃO DE ACONSELHAMENTO. Essa comissão, deve procurar a pessoa para um esclarecimento dos fatos e saber se o membro realmente está em pecados ou se está sendo difamado, ou se há engano sobre os tais comentários. Na prática, quando o membro é convocado para essa conversa, é de comum que ele fique suspenso de suas atividades, até que se resolva e esclareça tudo. Mas suspender ou tirar os cargos de um membro faltoso, parece que não é uma maneira correta de aplicar a disciplina bíblica, que nesse caso seria a DISCIPLINA CIRÚRGICA. Pedro José da Costa.

Unknown disse...

Parabéns! Consegui meus objetivos esclarecedores com essas três disciplinas muito bem detalhadas.Gostei também da excelente pergunta anônima diria 3/5/2027.Enfim me tornei fã da Multivrrso. Deus os abençoe ricamente! Avante!
Abração.

Unknown disse...

Muito bem explicado cabe aos líderes e igreja procurar observar Los.

Cristina disse...

Parabéns pela explicação a luz da biblia.

Anônimo disse...

Jesus foi o primeiro a falar sobre disciplina, como está registrado em Mateus 18:15-18.
Se teu irmão pecar contra ti , vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão.
Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça.
E, se ele não os atender, dize-o a igreja; e se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentil e publicano.
Paulo também diz em sua carta a Gálatas, “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas tentado.(Gl. 6.1)
A disciplina é um ato de compaixão, purificação e amor do nosso pai.