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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

CRISTIANISMO SEM CRISTO

O que aconteceu com o cristianismo que fez com que ele se tornasse aquilo que é atualmente, uma caricatura distorcida e porque não dizer corrompida do verdadeiro cristianismo do Novo Testamento? A mensagem bíblica encontra-se diluída como uma proposta para o crescimento do número de evangélicos, o que tem fomentado uma grande colheita, mas infelizmente de muitos frutos estragados. Como identificar esse novo cristianismo não cristão? A tarefa é difícil, mas penso que algumas pistas são evidentes.

Essa nova modalidade de cristianismo é facilmente identificada pelo desejo idolátrico por novidades. A igreja, segundo eles, deve sempre inovar, não importa o que seja, exceto que inove. A única constante para estes “cristãos” é a inovação. Neste afã, tornaram a igreja numa espécie de circo, onde os membros deram lugar a plateia, o púlpito cedeu espaço ao palco de apresentações e o pastor desfigurou-se a tal ponto que se tornou um animador de auditório, ou palhaço circense. A igreja passou a ser um lugar de entretenimento e não mais de instrução, um lugar para se assistir um espetáculo, não mais para se ouvir a Palavra de Deus.

Devo confessar que a Bíblia não foi esquecida nestes círculos religiosos, ou igreja segundo eles. No entanto, deixou de ser o livro de estudo por excelência para se tornar num amuleto de superstição, um fetiche evangélico. Usam-se frases da Bíblia fora de seu contexto literário e histórico para imprimir uma cega confiança de que as bênçãos de Deus estão chegando. Não há uma mensagem de compromisso cristão, mas somente de auto realização humana. São ávidos por novidades (não verdade bíblica) trazidas por seus pregadores, mas negligentes em assumir um novo comportamento diante do texto bíblico.

O próprio conceito de espiritualidade foi corrompido. Espiritualizaram até mesmo a espiritualidade, no sentido de que a vida com Deus se resume, agora, no curto espaço de tempo de um efêmero culto. Ela tornou-se uma questão de sentimento, não mais de atitudes concretas fora do ambiente de “adoração”. Isto, contudo, pode ser visto tanto como fraude deliberada, quanto entendimento equivocado daquilo que realmente importa pra Deus. Busca-se, desta forma, a sinceridade das realizações cultuais em detrimento do comportamento obediente à Bíblia Sagrada. Esquece-se com isto, do rei Saul, que embora sincero naquilo que fez (1Sm. 13; 15.1-23), não foi obediente a ordem divina, o que incorreu no desfavor do SENHOR.

Diante desta lúgubre observação, como deixar de fora o modismo dos artistas evangélicos? Eles são mais conhecidos por muitos crentes que alguns dos personagens mais populares da Bíblia. Suas músicas tomaram o lugar dos versículos bíblicos na mente de seus fãs, ou será que somente ocuparam um lugar antes vazio? Não sabemos. Shows são promovidos numa escala endêmica. A preferência pelo show ao invés do culto é facilmente compreendida: no primeiro, o artista é o centro das atenções, no segundo, se verdadeiramente realizado, tudo converge unicamente para o engrandecimento de Deus. No show, o artista é um mero entretenimento para uma massa destituída de identidade. No culto, Jesus é o exemplo de vida que deve ser imitado por seus adoradores. No show, nossa humanidade se desfigura, já no culto ela é restaurada à semelhança do Seu Criador.

Por fim, quero confessar que apesar disso tudo, Cristo não pode ser destronado, pois em sua morte e ressurreição ele é Senhor do mundo. Temos contudo, que renunciar esse humanismo pagão, e confessarmos com uma só voz o que diz uma antiga música: “Jesus, entronizado, declaramos que és Rei”. Que a luz de sua glória irradie por meio de sua igreja, e que esse nefasto show tenha suas luzes apagadas, para que somente Cristo apareça.