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sábado, 21 de julho de 2018

O ANTICRISTO

Se existe uma figura que muitos de nós já ouvimos, mas que pouco compreendemos, é a figura do anticristo. Personagem pregado em muitos púlpitos, mas esquecido ultimamente, o anticristo foi um assunto complexo e ao mesmo tempo importante para os primeiros cristãos. 

Ao longo da história da igreja muitas foram as interpretações para o significado da besta de Apocalipse 13: seria Nero? Havia a história que ele voltaria mesmo depois de morto, o mito do Nero redivivo (note que a besta foi curada de uma ferida mortal). Poderia ser o império romano da época de João? Para os reformadores o anticristo seria o sistema papal do séc. XVI. É comum também ver a besta como algum líder político futuro. Já pensaram até em Barack Obama. Circula também nas redes sociais uma pregação que diz ser o presidente da França, Emmanuel Macron, o verdadeiro anticristo. Já vimos que não faltam candidatos! 

Podemos dizer que João fez uso em sua própria época das histórias do retorno de Nero. Não que ele acreditasse que o imperador pudesse voltar a viver, antes, o faz para ter um referencial comum entre seus leitores e ouvintes. Ao mesmo tempo ele pode afirmar que toda opressão de Roma por meio de seus imperadores não era outra coisa senão o agente de um poder muito antigo, a soma de toda a maldade. Este poder se opõe a Deus e seu povo, tanto no passado, presente e futuro até o dia do aparecimento de Cristo. Essa figura sinistra tem como pano de fundo o texto de Daniel 7. O próprio Jesus faz referência a esse conceito assustador em Mt. 24.15; Mc. 13.14. 

Haveria ainda hoje alguma utilidade em falarmos de tal personagem/influência? A resposta é sim. Isso porque embora todos veem o anticristo como um personagem que surgirá no futuro, a Bíblia nos diz que ele já atua no presente. Podemos identificar o cavaleiro branco como a representação do anticristo (Ap. 6) que atua desde a ascensão de Jesus ao céu. A época da igreja onde temos a atuação do Espírito Santo é também a época do anticristo. Isso concorda com o que Paulo diz em 2Ts. 2.7, sobre a atuação do mistério da iniquidade. Devemos nos lembrar, todavia, de não entrarmos numa espécie de histeria coletiva sobre essas coisas (2Ts. 2.1s) 

O termo anticristo pode ter sido criado pelo próprio João, pois só se encontra em seus escritos e em nenhum outro lugar no NT, embora o personagem apareça em outros lugares na Bíblia. São cinco vezes que o termo aparece em suas cartas (1Jo. 2.18,22; 4.3; 2Jo. 7). Esses textos nos ensinam que vivemos já no tempo final. Para nosso espanto, ele já veio (1Jo. 4.3), essa inclinação, tendência de se opor a Cristo ou qualquer coisa que tenha relação com ele. E se não bastasse, o anticristo dispõe de muitos funcionários (1Jo. 2.18). João nos diz que foram pessoas que estavam expostas à influência cristã, viviam entre o povo de Deus, mas em um determinado momento revelaram que nunca pertenceram ao grupo que eles diziam fazer parte.  

IMPLICAÇÕES DA DOUTRINA DO ANTICRISTO 

  • Podemos ser um funcionário do anticristo sem ao menos sabermos. Quando nos opomos ao ensino da Escritura, somos indiferentes a voz do Espírito Santo ou assumimos um comportamento que sabemos não encontrar amparo na Bíblia, que traz prejuízo tanto individual quanto para a igreja de Cristo, nessas situações nos tornamos anticristãos, agentes do próprio anticristo. 
  • João identificou o espírito do anticristo em sua época no falso ensino que negava a encarnação de Cristo. Ele foi enfático ao falar que negar esse fato não era uma questão de opinião particular, mas da atuação de uma influência anticristã no meio da própria igreja. Temos que estar atentos aos ensinos difundidos por muitos púlpitos, e quando estes não concordarem com a doutrina dos apóstolos, deverão ser denunciados. 
  • Vivemos numa época marcada por grande apostasia, o terreno fértil para qualquer ideologia anticristã. Muitos demonstram uma hostilidade a Cristo mesmo fazendo parte da comunidade cristã. Não podemos nos iludir, não estar com Jesus é se posicionar contra ele (Mt. 12.30; Lc. 11.23). 
  • Quantas igrejas já se encontram tão corrompidas que mesmo pregando Cristo, se tornaram em agência a serviço do anticristo, uma igreja anticristã, com membros anticristãos, com um ensino anticristão, uma liturgia anticristã? Não podemos nos esquecer que de acordo com 1Jo. 2.18 a influência anticristã, o espírito do anticristo, surge também de dentro do cristianismo.  
  • Se notarmos as duas bestas de Ap. 13, veremos que uma representa um poder político perverso enquanto outra, um poder religioso corrompido (levando em consideração que possam ser dois personagens reais a serviço de um poder político e religioso). Isso acontece quando a política e a igreja deixam de estar a serviço de Deus e se unem em torno de uma influência destrutiva de um espírito anticristão. 

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