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sexta-feira, 5 de junho de 2009

MÚSICA NO CULTO OU CULTO À MÚSICA?

A música está presente na vida de todas as pessoas e tem o poder de falar ao coração mais empedernido bem como chamar a atenção da mente mais dispersa. Sua capacidade de evocar no presente sentimentos passados, lhe confere o status hegemônico de expressão artística que melhor revela a realidade humana. A Bíblia atribui um imenso valor a música como um meio da criatura reverenciar seu Criador. Lemos no registro sagrado o cântico de Maria (Lc 1.46-55), de Zacarias (Lc 1.67-79), o louvor dos anjos quando do nascimento do Cristo (Lc 2.13-14), o cântico de Simeão (Lc 2.29-32) e muitos outros. Até mesmo o filósofo pessimista alemão do século XVIII, Arthur Schopenhauer, via na música a possibilidade de satisfação interior em um mundo tão deprimente.
Um questionamento comum é -“existe diferença entre música e louvor?”- Alguns pretendem, com esta pergunta, criar uma dicotomia, uma divisão musical. A música seria, para alguns, uma expressão artística secular e o louvor, para outros, uma declaração de adoração a Deus. Não obstante, podemos ver esta separação por outro prisma: o louvor na Igreja, nada mais é que uma devoção a Deus em forma de música.
Percebe-se que a música cristã encontra-se no meio de um duelo Titânico: de um lado os ultra-tradicionalistas, do outro os ultra-revolucionários. Esta batalha é travada para se obter a resposta de uma única pergunta: qual o estilo musical que deve ser usado no culto? Os dois lados arrolam para si uma resposta absoluta e opressora.
Os ultra-tradicionalistas e os ultra-revolucionários criaram, ao se digladiarem, o segundo bezerro de ouro, melhor falando, um bezerro musical, e assim, caíram no pecado da musicolatria. Em sua batalha abandonaram a adoração a Deus através da música para reverenciarem seu próprio estilo musical. A música deixou de ser um meio de adoração para se converter ela mesma em objeto adorado. “Onde não se canta ao Senhor, canta-se à sua própria honra ou à honra da música. E o cântico novo torna-se cântico idólatra.” (Dietrich Bonhoeffer).
É preciso saber acima de tudo que a música no culto deve revelar a realidade doutrinária existente na Bíblia. Os cânticos usados pela igreja do primeiro século, e que foram registrados pelo apóstolo Paulo corroboram esta afirmativa (Fp 2.6-11; Cl 1.15-20; 1Tm 3.16). Esses louvores expressam uma beleza poética na mesma proporção do seu valor doutrinário. O mesmo não se pode falar de alguns dos atuais cânticos produzidos por supostos compositores inspirados. Não existe música evangélica inspirada, ao menos, não no sentido que atribuímos este termo a revelação bíblica. Logo, nenhum cantor evangélico tem o direito de atribuir verdade a sua música pelo simples fato de ter sido por ele composta. Os cânticos devem passar pelo crivo dos padrões bíblico-normativos.
Por outro lado, não podemos negligenciar os princípios denominacionais que uma igreja possui quando usa seus cânticos no culto. Como membro de uma Igreja Batista tradicional, participo uma história de quatrocentos anos que não pode ser negada. Portanto, o teor doutrinário dos louvores deve condizer com a realidade pregada e ensinada nos púlpitos batistas. Nossos cânticos precisam dialogar com a fé do passado, atualizando a mensagem comunicada ao entendimento do homem do século XXI.

Um comentário:

martins disse...

É fato inegavel de que a música enriquece a forma como cultuamos a Deus. Mas é bem verdade que muitos cânticos não trazem uma expressão por excelência da adoração da Igreja.A música nos nossos cultos a Deus não podem expressar sentimentos menos dignos que vão até a exaltar pessoas.
Joel Martins