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sábado, 2 de janeiro de 2016

ANO NOVO, VELHAS SUPERSTIÇÕES

Todos nós sabemos o quão supersticioso é o nosso Brasil. Herdamos tradições sobre o que não comer em determinado horário, assim como do perigo em juntar determinados alimentos numa combinação fatal. Com o início de um novo ano, essas superstições afloram numa espécie de erupção vulcânica de crendices, lançando cinzas ofuscantes em qualquer mente equilibrada.

Pular ondas, vestir branco, amarelo, vermelho (ainda não entendo porque não usar logo uma combinação de todas essas cores no réveillon), comer lentilhas, guardar uma nota de dinheiro dentro do sapato, pular só com o pé direito (para minha surpresa a razão disso está na Bíblia, pois o que está à direita é sempre bom). Os exemplos poderiam ser multiplicados em 472.000 resultados, que foi o número de páginas encontradas pelo Google.

Nos telejornais, muitas são as matérias que exaltam esse aspecto do povo brasileiro. Os repórteres demonstram ser bem-humorados e afetuosos quando cobrem essas matérias. Até mesmo pessoas são entrevistas como exemplos de comprovação da eficácia (algumas vezes é claro) de todo esse emaranhado de crenças.

O último dia do ano serve para mostrar que a imprensa sabe lidar muito bem com todo tipo de expressão religiosa, exceto com àquela que encontramos nas páginas da Bíblia, a tradição judaico-cristã. Não há problema em expor todas essas superstições, pois elas são o que são, superstições, em outras palavras, produto da mente humana (ou do não uso dessa mente). Se elas forem verdadeiras, não se espera com isso nenhuma mudança no mundo. Elas dependem da fé de alguns, e os demais que descreem em nada serão confrontados.

É aqui que reside todo tipo de resistência com a mensagem cristã. Não me refiro ao que se ouve atualmente pela televisão, mas ao que pode ser lido diretamente na Bíblia. O que nós encontramos? Você não terá, para tristeza de alguns, um novo tipo de superstição para um novo ano, mas sim uma grande história para toda uma vida.

Nos evangelhos vemos Deus, por meio de Jesus reivindicar o mundo como sendo inteiramente seu por direito. Jesus é a resposta de como seria se Deus governasse esse mundo. Como seria seu governo sábio e soberano? Seria um mundo de cura, justiça, relacionamentos verdadeiros, auxílio aos menos favorecidos.

Os evangelhos descrevem a história de como Deus, por meio de Jesus de Nazaré se tornou rei. Nos convocam a participar dessa história. O Reino de Deus, de acordo com essa narrativa, é o confronto com tiranias desumanizadoras, e não a vinda de um tirano (a vinda do Senhor é aclamada em Is. 40.1-5). Existem tiranias que nos desumanizam na área econômica, moral e espiritual: gasta-se uma fortuna em um único jantar, que é mais do que muitos ganham em todo um mês de trabalho. Pagar por algumas refeições chega a ser imoral diante de tanta miséria no mundo. As ideologias homo afetivas, de gênero e afins, nos levam para uma espécie de humanidade deteriorada que não reflete a imagem de Deus no mundo. O tipo de espiritualidade mercantilista que tornou a igreja em escândalo e não testemunho no mundo, nos assombram dia após dia. O Reino de Deus confronta todas essas tiranias (1Co. 6.9-11; 1Tm. 6.6-10).

Não confunda isso como se o reino de Deus fosse algo dentro de nós. Um reino que se faz presente no coração do homem, é algo inofensivo. Um Jesus que reina somente no coração do homem é um Jesus inofensivo. Se esta fosse a linguagem dos primeiros cristãos, o cristianismo não teria criado nenhum problema com o império romano (At. 17.5). Os imperadores não teriam visto nenhum problema com um Jesus que morre e ressuscita para morar no coração dos seus seguidores (embora ele se faça presente em nossos corações). Não. Jesus morreu e ressuscitou na história. Existiu verdadeiramente um túmulo vazio. Ele não se encontra vivo em nossos corações, mas morto no túmulo. Ele morreu para derrotar o mal e ressuscitou para reivindicar o mundo como sendo seu, chamando todos a uma prestação de contas, tanto governantes quanto governados. Ao ascender ao céu, o mundo não visto, tão real e natural como o nosso mundo visível, Jesus governa toda a sua criação. Ele é o verdadeiro Senhor do mundo. Estabeleceu seu governo global, o reino de Deus. Inaugurou o pedido do “venha o teu reino”, e completará seu programa já iniciado, mas ainda não concluído, em seu aparecimento glorioso.

As pessoas não conseguem lidar com o Jesus que morreu e ressuscitou para um novo tipo de vida corporal. Se essa mensagem for verdade, e ela é, todas as superstições, crendices e ideologias estão em sérios apuros, pois todos, um dia, serão chamados a uma prestação de contas.

Não é o ano novo de 2016 que deve ser saudado, mas sim Jesus, o Messias, rei em todo esse mundo que deve ser aclamado em 2016. Rapidamente 2016 será velho, assim como suas superstições. Jesus, por sua vez, é o mesmo ontem, hoje e sempre.

2 comentários:

Clodoaldo Pereira Cidade disse...

Muito bom o seu artigo companheiro. Deus continue lhe iluminando. Um forte abraço de quem lhe admira e respeita!

Thiago Gonzaga disse...

O Brasil é plural. Sua diversidade é a marca da mistura de vários povos e suas culturas. Me parece que o costume de vestir cores determinadas no reveillon, vem de crenças Africanas, tão forte na ancestralidade do povo brasileiro. Que 2016 siga e continue nos encaminhanhando para tempos de tolerância e respeito mútuo, independente de raça, gênero ou religião.