INTRODUÇÃO
Qual deve ser a relação entre a
Igreja e o Estado? Podemos também indagar: como deve ser o envolvimento do
cristão na política? Para respondermos estes questionamentos, precisamos
entender primeiro o que queremos dizer com as palavras, Estado e política.
Estado, de acordo com o dicionário, é uma nação politicamente organizada. Já o
termo política, é definido como “arte e a ciência de bem governar os povos e de
cuidar dos negócios públicos com sabedoria”. Politicagem, por outro lado, é o extremo
oposto da política, pois ela é feita de forma mesquinha e interesseira.
A RELAÇÃO ENTRE A IGREJA E O
ESTADO
Os batistas, por sua vez, possuem
um conceito bastante definido sobre a relação entre a Igreja e o Estado. Um dos
princípios batista diz: “Tanto a igreja como o Estado são ordenados por Deus e
responsáveis perante ele. Cada um é distinto; cada um tem um propósito divino;
nenhum deve transgredir os direitos do outro. Devem permanecer separados, mas
igualmente manter a devida relação entre si e para com Deus. Cabe ao Estado o
exercício da autoridade civil, a manutenção da ordem e a promoção do bem-estar
público”.
Com base neste princípio batista,
entendemos que o cristão é cidadão de duas ordens, uma política e outra
celestial. Sobre isto confira o texto de Fp. 3.20. Sobre o dever do cristão
como cidadão, assim se expressa o principio batista: “A mordomia cristã da vida
inclui tais responsabilidades como o voto, o pagamento de impostos e o apoio à
legislação digna. O cristão deve orar pelas autoridades e incentivar outros
cristãos a aceitarem a responsabilidade cívica, como um serviço a Deus e à
humanidade”.
IMPLICAÇÕES PRÁTICAS
Podemos extrair as seguintes
lições sobre o correto entendimento da relação existente entre a Igreja e o
Estado:
Todos nós precisamos do Estado.
Ele é uma necessidade básica de todo ser humano civilizado. O Estado nada mais
é que uma sociedade unida com o objetivo de observar determinadas leis. Sem o
Estado viveríamos a lei da selva, onde iria imperar sempre o mais forte.
O Estado provê – como bem
lembrou Willian Barclay – uma série de benefícios, que o cidadão isolado não
poderia nunca adquirir. Não seria possível cada pessoa sozinha ter sua própria
água, luz, rede de esgoto, sistema de transporte etc. Só podemos obter tudo
isto vivendo em sociedade, em outras palavras, com o Estado.
A Igreja não deve buscar
favores do Estado ou prefeitura. Uma igreja que busca favores deixa de ser a
voz profética de Deus na terra, pois não denunciará as injustiças hodiernas
porque ela mesma recebe favores provenientes desta própria injustiça. A igreja
de Jesus não pode ser vendida, pois já foi comprada com o sangue do Senhor (At.
20.28; 1Pe. 1.18,19; Ap. 1.5,6).
Embora a Igreja não precise de
favores do Estado, ela deve conhecer e fazer valer seus direitos concedidos
pela Constituição Federal. Como exemplo, podemos citar a imunidade tributária.
Isto quer dizer que o poder público não tem o direito em cobrar impostos da
Igreja, exemplo o IPTU.
A Igreja tem a obrigação de
orar por aqueles que se encontram investidos de autoridade política. O bem-estar
social depende do empenho da igreja em orar por uma boa administração pública.
Veja 1Tm. 2.1-2.
Paulo recomenda que todos sejam
obedientes as autoridades políticas (Tt. 3.1). Não deve ser atitude cristã
faltar com respeito a qualquer líder político (cf. 1Pe. 2.13-17). Devemos
lembrar que na época dos apóstolos, os imperadores eram tudo, menos pessoas
piedosas – exemplos como Nero, Calígula, Domiciano servem como corolário de
nossa assertiva.
Aprendemos na Bíblia que o
líder político é alguém instituído por Deus para o correto exercício de sua
função pública – nenhum feitiço pode colocar alguém no poder público, somente
Deus (Rm. 13.1). É Ele quem domina sobre sua criação (Sl. 103.19; 115.3). No
entanto, o mesmo Deus que institui alguém para uma função política é o mesmo
quem tira. Isto demonstra que Deus é sempre soberano em suas decisões. Nenhum
político deve pensar que se encontra acima de Deus (veja Dn. 4.28-37).
O cristão, mais do que ninguém,
deve exercer da forma mais sábia possível seu dever cívico – não há nada de
errado em participar de eventos do seu candidato, no entanto, devemos sempre
lembrar que ainda somos cristãos, com isto quero dizer que nosso comportamento
não pode ser como o dos demais em tais acontecimentos. O cristão precisa
diferenciar a vontade de Deus das decisões do Estado. Veja At. 4.19; 5.29.
Quando as decisões públicas entrarem em choque com a vontade de Deus, nós
devemos sempre optar pela vontade divina.
CONCLUSÃO
Vamos confessar que somente Jesus
é o Senhor. Somente ele tem o desenrolar da história em suas mãos. Não
obstante, analisemos sabiamente quem será digno de nosso voto. Mas, acima de
tudo, exaltemos sempre o nome de Jesus em nossas vidas. Leia Ap. 1.5-8; Jd.
24,25.