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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

MENSAGEM: A IGREJA E O ESTADO (Lc. 20.22-25) – 30.09.2012


INTRODUÇÃO

Qual deve ser a relação entre a Igreja e o Estado? Podemos também indagar: como deve ser o envolvimento do cristão na política? Para respondermos estes questionamentos, precisamos entender primeiro o que queremos dizer com as palavras, Estado e política. Estado, de acordo com o dicionário, é uma nação politicamente organizada. Já o termo política, é definido como “arte e a ciência de bem governar os povos e de cuidar dos negócios públicos com sabedoria”. Politicagem, por outro lado, é o extremo oposto da política, pois ela é feita de forma mesquinha e interesseira.

A RELAÇÃO ENTRE A IGREJA E O ESTADO

No início da era apostólica, o estado romano tolerava em certo sentido pacificamente o movimento cristão. Roma entendia que o cristianismo era mais um ramo sectário do próprio judaísmo. No entanto, ao perceber que o cristianismo era um movimento distinto do judaísmo, os cristãos passaram a ser perseguidos. O que fomentava muito essa perseguição era o fato dos cristãos afirmarem que reconheciam somente Jesus como o Senhor e não César. Com a ascensão de Constantino ao poder, o cristianismo passou a ser adotado como religião oficial do império romano. Neste período, embora separados, ao menos em princípio, Igreja e Estado encontravam-se juntos para formarem um povo. Na Idade-Média isto fez com que tanto a Igreja quanto o Estado reivindicassem poder supremo.

Durante o período da reforma Protestante, os anabatistas pregavam uma completa separação extremista entre a Igreja e o Estado. Não deveria haver nenhuma espécie de relação entre os dois poderes. Para os anabatistas, os cristãos deveriam viver suas vidas somente com leis extraídas das Escrituras. 

Os batistas, por sua vez, possuem um conceito bastante definido sobre a relação entre a Igreja e o Estado. Um dos princípios batista diz: “Tanto a igreja como o Estado são ordenados por Deus e responsáveis perante ele. Cada um é distinto; cada um tem um propósito divino; nenhum deve transgredir os direitos do outro. Devem permanecer separados, mas igualmente manter a devida relação entre si e para com Deus. Cabe ao Estado o exercício da autoridade civil, a manutenção da ordem e a promoção do bem-estar público”.

Com base neste princípio batista, entendemos que o cristão é cidadão de duas ordens, uma política e outra celestial. Sobre isto confira o texto de Fp. 3.20. Sobre o dever do cristão como cidadão, assim se expressa o principio batista: “A mordomia cristã da vida inclui tais responsabilidades como o voto, o pagamento de impostos e o apoio à legislação digna. O cristão deve orar pelas autoridades e incentivar outros cristãos a aceitarem a responsabilidade cívica, como um serviço a Deus e à humanidade”.

IMPLICAÇÕES PRÁTICAS

Podemos extrair as seguintes lições sobre o correto entendimento da relação existente entre a Igreja e o Estado:

Todos nós precisamos do Estado. Ele é uma necessidade básica de todo ser humano civilizado. O Estado nada mais é que uma sociedade unida com o objetivo de observar determinadas leis. Sem o Estado viveríamos a lei da selva, onde iria imperar sempre o mais forte.

O Estado provê – como bem lembrou Willian Barclay – uma série de benefícios, que o cidadão isolado não poderia nunca adquirir. Não seria possível cada pessoa sozinha ter sua própria água, luz, rede de esgoto, sistema de transporte etc. Só podemos obter tudo isto vivendo em sociedade, em outras palavras, com o Estado.

A Igreja não deve buscar favores do Estado ou prefeitura. Uma igreja que busca favores deixa de ser a voz profética de Deus na terra, pois não denunciará as injustiças hodiernas porque ela mesma recebe favores provenientes desta própria injustiça. A igreja de Jesus não pode ser vendida, pois já foi comprada com o sangue do Senhor (At. 20.28; 1Pe. 1.18,19; Ap. 1.5,6).

Embora a Igreja não precise de favores do Estado, ela deve conhecer e fazer valer seus direitos concedidos pela Constituição Federal. Como exemplo, podemos citar a imunidade tributária. Isto quer dizer que o poder público não tem o direito em cobrar impostos da Igreja, exemplo o IPTU.

A Igreja tem a obrigação de orar por aqueles que se encontram investidos de autoridade política. O bem-estar social depende do empenho da igreja em orar por uma boa administração pública. Veja 1Tm. 2.1-2.

Paulo recomenda que todos sejam obedientes as autoridades políticas (Tt. 3.1). Não deve ser atitude cristã faltar com respeito a qualquer líder político (cf. 1Pe. 2.13-17). Devemos lembrar que na época dos apóstolos, os imperadores eram tudo, menos pessoas piedosas – exemplos como Nero, Calígula, Domiciano servem como corolário de nossa assertiva.

Aprendemos na Bíblia que o líder político é alguém instituído por Deus para o correto exercício de sua função pública – nenhum feitiço pode colocar alguém no poder público, somente Deus (Rm. 13.1). É Ele quem domina sobre sua criação (Sl. 103.19; 115.3). No entanto, o mesmo Deus que institui alguém para uma função política é o mesmo quem tira. Isto demonstra que Deus é sempre soberano em suas decisões. Nenhum político deve pensar que se encontra acima de Deus (veja Dn. 4.28-37).

O cristão, mais do que ninguém, deve exercer da forma mais sábia possível seu dever cívico – não há nada de errado em participar de eventos do seu candidato, no entanto, devemos sempre lembrar que ainda somos cristãos, com isto quero dizer que nosso comportamento não pode ser como o dos demais em tais acontecimentos. O cristão precisa diferenciar a vontade de Deus das decisões do Estado. Veja At. 4.19; 5.29. Quando as decisões públicas entrarem em choque com a vontade de Deus, nós devemos sempre optar pela vontade divina.

Por fim, se o Estado ultrapassa seu limite de poder, e começa a invadir a área de atuação da Igreja, torna-se uma besta, um poder demoníaco (Ap. 13.1ss). O cristão deve sempre resistir ao Estado quando este deseja sair do domínio do Senhor Jesus.

CONCLUSÃO

Vamos confessar que somente Jesus é o Senhor. Somente ele tem o desenrolar da história em suas mãos. Não obstante, analisemos sabiamente quem será digno de nosso voto. Mas, acima de tudo, exaltemos sempre o nome de Jesus em nossas vidas. Leia Ap. 1.5-8; Jd. 24,25.

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