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sexta-feira, 12 de março de 2010

UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE O SILÊNCIO


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Para onde foi o silêncio nas nossas igrejas? Onde ele se encontra? Será que alguém já experimentou sua existência em alguns dos nossos cultos, antes dele sumir por completo? E se ele retornar será que conseguiremos identificá-lo mesmo depois de tanto tempo sem convivência?
Mas afinal de contas, o que é o silêncio? Se neste momento você acabou de responder, o próprio silêncio foi ignorado por sua resposta. Não pretendo, contudo, afirmar que o silêncio exija necessariamente a ausência total do som articulado. Posso me encontrar em silêncio ouvindo uma música, ou apreciando a beleza de uma praia, mesmo sendo envolvido pelo som de suas ondas.
O silencio foi banido dos nossos cultos porque nos enganamos com a falácia do “culto avivado”. Mas porque um culto vivo deve ser barulhento, ainda não sou capaz  de entender. O filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788 – 1860), disse certa vez: “A soma de barulho que uma pessoa pode suportar está na razão inversa de sua capacidade mental.” Gostaria de readaptar este pensamento da seguinte forma: a soma de barulho que uma pessoa pode suportar durante um culto está na razão inversa de sua capacidade de ouvir a voz de Deus em seu interior.
Até quando algumas pessoas aparecerão mais durante o culto do que o Deus cultuado? Qual o motivo real de um dirigente de louvor ficar constantemente falando: “feche seus olhos”, “pense em Deus neste momento”, “imagine o trono de Deus”. Seria ele um mediador? Não da salvação, é claro, mas da presença de Deus? Sem falar da disputa que há entre alguns cantores e tocadores para ver qual voz ou som de instrumento sobressai mais. Gostaria de ficar em silêncio cantando, ouvindo sim, a doce e suave voz de Cristo ministrando no meu ser interior.
Não poderia deixar de fora também alguns pregadores do evangelho. Somos constantemente incomodados com: “fale para o irmão que está do seu lado”, “repita comigo”, e logo após ouve-se uma frase com um possível poder transformador. Não há espaço para um silêncio de reflexão durante a mensagem. Desejamos ouvir Cristo no pregador, mas como isso é possível se sempre ele oblitera o som da voz do Cristo ressurreto durante a mensagem.
Que possamos ter bons momentos de louvores nos cultos, mas sem os incômodos das vozes. Que a voz de Cristo seja identificada nos pregadores durante o momento do sermão. Lembremos, acima de tudo, o que diz o profeta Habacuque: “ O SENHOR, porém, está em seu santo templo; diante dele fique em silêncio toda a terra.” (Hb. 2.20). 
 

5 comentários:

Anderson Queiroz disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Thiago Gonzaga disse...

Muito bom Anderson, realmente as vezes a gritaria é tanta que oservamos mais a cena do que o próprio culto. Prabéns pelo Blog, faço ótimas leituras por aqui.

Neto disse...

Meu amigo,

eu entendo perfeitamente que o seu posicionamento é contra os excessos rotineiramente presentes nas celebrações em nossas igrejas. Acho que o problema reside na falta de sensibilidade e na falta de sutileza em nossos momento em igreja. Guardarei comigo seus comentários!

Paulo Afonso disse...

Boa noite, Anderson!
Sou católico, mas lá também baniram o silêncio.

Anônimo disse...

Não tem nada a ver esta interpretação. Ele se referia às perturbações mentais. Onde o "barulho" se refere às instabilidades, confusões dos processos dentro da cabeça de uma pessoa.