A morte enquanto realidade universal de todos os homens
provocou, ao longo da história, duas perspectivas diametralmente oposta. Os
gregos, por exemplo, consideravam a morte uma verdadeira amiga. Ela era
responsável – assim entendiam – pela libertação da alma, antes presa ao corpo,
ou sepulcro no linguajar platônico.
Os
hebreus, por outro lado, possuíam um conceito bem distinto quando comparado com
o dos gregos em relação à natureza da morte. No relato bíblico, a morte sempre
é vista como uma inimiga do homem. Em Gn. 2.16,17 a morte é visualizada como
uma possibilidade que se tornaria real se o homem desobedecesse à ordem divina.
A negativa da serpente de que a morte pudesse ser efetivada por um simples ato
de Adão (Gn. 3.4), revela todo seu engodo quando da declaração de Deus logo
após o homem ter comido do fruto proibido: “porque você é pó e ao pó voltará”
(Gn. 3.19c).
A
Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira, capítulo XVIII assim se
expressa: “Todos os homens são marcados pela finitude, de vez que, em
consequência do pecado, a morte se estende a todos”. Pode-se aprender com isto,
que a morte não é algo normal. Ela é uma intrusa, uma consequência reveladora
de outra realidade, o pecado. Na Bíblia, o homem só morre porque é um pecador.
Paulo nos diz que o ato de Adão não somente o tornou pecador destinado à morte,
mas que todos morrem porque são pecadores, morte esta trazida por Adão (Rm.
5.12,13). Este ato afetou a humanidade de tal forma que o autor da carta aos
hebreus diz que “o homem está destinado
a morrer uma só vez...” (Hb. 9.27, grifo nosso).
A morte de
acordo com a revelação bíblica é também a cessação da unidade integral do
homem. O corpo daquele que morre “volta a terra, de onde veio, e o espírito
volta a Deus, que o deu” (Ec. 12.7). Tiago admite a realidade da separação do
espírito em um corpo morto quando diz que este não possui aquele (Tg. 2.26). A
cessação da unidade integral do homem, corpo e espírito/alma, não é o mesmo que
não-existência. Aquele que morre não deixa de existir, antes, passa para outro
estado de existência. Millard Erickson, teólogo batista, em sua teologia
sistemática declara que a “morte é simplesmente uma transição para um modo
diferente de existência; não é, como costumamos imaginar, extinção”.
Chegamos
com isto, ao assunto que trata da preservação da consciência no estado
pós-morte – verdade esta constantemente negada pelos adventistas. “A Palavra de
Deus assegura a continuidade da consciência e da identidade pessoais após a
morte...”, assertiva da Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira,
capítulo XVIII. O Senhor Jesus deixou isto bem claro com a narrativa do homem
rico e o pobre Lázaro em Lucas 16.19-31. Ao ladrão na cruz é declarado: “Eu lhe
garanto: Hoje você estará comigo no paraíso” (Lc. 23.43). Paulo confirma esta
verdade quando diz: “desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor”
(Fp. 1.23). Ele sabia que no ato de sua morte estaria consciente ao lado de Jesus,
pois do contrário como o “partir” poderia ser “muito melhor”?
Outro
aspecto da morte é que ela sela o destino do homem. Aquele que morre sabe da
natureza irrevogável da sua existência. Lucas 16.26 diz que é impossível uma
mudança de lugar daquele que já morreu fazendo uso da linguagem do abismo
intransponível. Voltando ao texto de Hb. 9.27, declara-se que após a morte o
homem irá “enfrentar o juízo”. Se ele enfrentará o juízo após a morte, não
haverá possibilidade para uma mudança no estado pós-morte. No dia do juízo
final serão salvos somente aqueles que tiverem seus nomes escritos no livro da
vida (Ap. 20.15). Não se escreve este nome após a morte, antes, na morte, já se
sabe se este nome está escrito ou não. Após a morte, o homem já “vive” a realidade
da eternidade, seja a bem aventurança do salvo em Jesus ou o horror daquele que
não aceitou a Cristo. No inferno o fogo não se apaga (Mc. 9.43-48). Os que não
adoraram a Cristo “a fumaça do tormento de tais pessoas sobe para todo o
sempre”, pois “não há descanso, dia e noite” (Ap; 14.11). Se os justos
desfrutarão da vida eterna, os perdidos “irão para o castigo eterno” (Mt.
25.46; cf. v. 41).
Do acima
exposto, a doutrina da reencarnação, conhecida também por transmigração das
almas ou metempsicose constitui-se uma contradição teológica. A reencarnação
pressupõe mais de uma experiência da morte, haja vista que a alma desencarnada
passa a habitar em um novo corpo mortal. Isto é uma violação gritante do texto
de Hebreus 9.27 que diz que “o homem
está destinado a morrer uma só vez...”. Os relatos de ressurreição na
Bíblia são uma exceção desta regra – eles ressuscitaram, embora tenham voltado
a morrer. A doutrina da reencarnação, por outro lado, é uma anulação desta lei, pois aquele que morre, morrerá novamente reencarnando em
outro corpo mortal.
Por fim,
devemos ter em mente que não obstante a morte ser a consequência do pecado (Rm.
6.23), para aquele que aceitou Jesus ela não é uma condenação (Rm. 8.1). A
morte de Jesus nos livra da escravidão do medo da morte (Hb. 2.14,15).
2 comentários:
A perspectiva teológica sobre a morte,esclarece como, quando e onde a morte surgiu, trazendo para a todos a solução "Jesus Cristo é a vida João 14.6" para este estado que tanto assombra a homanidade por ser desconhecido.
Deus continue te abençoando, parabéns pela explanação teológica.
Sem. Lázaro
Eu particularmente gosto ate de cemitério morte vampiros eu curto muito, vi um dia uma tattoo em um homem da morte segurando na coleira de um cachorro nossa gostei muito mas não a encontrei na NET..
Postar um comentário