Recentemente tenho pensado sobre a natureza da nossa mensagem de salvação. Poderíamos dizer que ela se resume numa espécie de salvação escapista de natureza individualista. Deus nos salva do pecado, mundo e do inferno para habitarmos o céu. Embora isso não seja errado, sua ênfase faz com que o centro gravitacional da mensagem bíblica seja drasticamente alterado.
Essa teologia escapista entoada em diversos cânticos evangélicos, pode ser sintetizada na conhecida canção Eu Vou Morar No Céu, do músico Lázaro. Eis uma parte:
O mundo está cheio de horror
Os mentirosos reinam sem pudor
Mentes brilhantes planejando o mal
Mas eu não desanimo pois sou sal
A integridade foi pro além
No mundo ninguém ama mais ninguém
Mas Jesus Cristo disse filhos eu vou voltar pra te buscar
Ainda bem que eu vou morar no céu
Ainda bem que eu vou morar com Deus...
Percebe-se que a mensagem do evangelho não altera a realidade, ela simplesmente serve como passaporte para a morada celestial. Embora o mundo esteja como está, “ainda bem que eu morar no céu”. O que parece ser uma demonstração de confiança na promessa bíblica, não passa de um equívoco da real natureza da mensagem de salvação, assim como da amplitude e efeitos da cruz de Cristo.
A solução para este problema é nos voltarmos para a mensagem de Jesus, o Messias, com sua ênfase na chegada do Reino de Deus, assim como para a proclamação de Paulo com base na existência já desse Reino.
O Reino de Deus era o centro da mensagem de Jesus. Isso pode ser confirmado pelo número de ocorrências nos evangelhos sinóticos, um total de 51 vezes. Reino dos céus (forma reverente de se referir a Deus) que é a expressão equivalente a Reino de Deus ocorre somente em Mateus não menos que 31 vezes. Embora os eruditos em Novo Testamento discordem sobre a natureza desse Reino, concordam, todavia, que era o mitte (centro) da pregação de Jesus. Basta citarmos dois especialistas em Novo Testamento com pressupostos díspares como Joachim Jeremias e Rudolf Bultmann para confirmar isso. Jeremias nos diz que “devemos partir do fato de que o tema central da proclamação pública de Jesus foi o reinado de Deus”. Da mesma forma Bultmann, em sua magistral Teologia do Novo Testamento declara que o “conceito predominante da pregação de Jesus é o do reinado de Deus”.
A mensagem do Reino, se corretamente entendida, nos faz compreender que a salvação trazida por Deus não é para habitarmos o céu, mas sim que a vida do céu se faça presente na terra. Em outras palavras, não é tanto uma salvação da criação, mas uma salvação para a própria criação de Deus. Sobre isso, N. T. Wright nos diz que:
Essa teologia escapista entoada em diversos cânticos evangélicos, pode ser sintetizada na conhecida canção Eu Vou Morar No Céu, do músico Lázaro. Eis uma parte:
O mundo está cheio de horror
Os mentirosos reinam sem pudor
Mentes brilhantes planejando o mal
Mas eu não desanimo pois sou sal
A integridade foi pro além
No mundo ninguém ama mais ninguém
Mas Jesus Cristo disse filhos eu vou voltar pra te buscar
Ainda bem que eu vou morar no céu
Ainda bem que eu vou morar com Deus...
Percebe-se que a mensagem do evangelho não altera a realidade, ela simplesmente serve como passaporte para a morada celestial. Embora o mundo esteja como está, “ainda bem que eu morar no céu”. O que parece ser uma demonstração de confiança na promessa bíblica, não passa de um equívoco da real natureza da mensagem de salvação, assim como da amplitude e efeitos da cruz de Cristo.
A solução para este problema é nos voltarmos para a mensagem de Jesus, o Messias, com sua ênfase na chegada do Reino de Deus, assim como para a proclamação de Paulo com base na existência já desse Reino.
O Reino de Deus era o centro da mensagem de Jesus. Isso pode ser confirmado pelo número de ocorrências nos evangelhos sinóticos, um total de 51 vezes. Reino dos céus (forma reverente de se referir a Deus) que é a expressão equivalente a Reino de Deus ocorre somente em Mateus não menos que 31 vezes. Embora os eruditos em Novo Testamento discordem sobre a natureza desse Reino, concordam, todavia, que era o mitte (centro) da pregação de Jesus. Basta citarmos dois especialistas em Novo Testamento com pressupostos díspares como Joachim Jeremias e Rudolf Bultmann para confirmar isso. Jeremias nos diz que “devemos partir do fato de que o tema central da proclamação pública de Jesus foi o reinado de Deus”. Da mesma forma Bultmann, em sua magistral Teologia do Novo Testamento declara que o “conceito predominante da pregação de Jesus é o do reinado de Deus”.
A mensagem do Reino, se corretamente entendida, nos faz compreender que a salvação trazida por Deus não é para habitarmos o céu, mas sim que a vida do céu se faça presente na terra. Em outras palavras, não é tanto uma salvação da criação, mas uma salvação para a própria criação de Deus. Sobre isso, N. T. Wright nos diz que:
“Quando Jesus falou do “reino de Deus”, essa longa tradição (o pensamento ocidental de que o objetivo do cristianismo era levar pessoas para morar no céu) excluiu a possibilidade de ele não estar falando sobre o “céu” que estava preparando para seus seguidores, mas de estar se referindo ao que estava acontecendo na terra e sobre ela, primeiro por meio de sua obra, depois por meio de sua morte e ressurreição, e então a partir da obra do Espírito, para a qual eles seriam chamados”.
Assim, o Reino de Deus é algo que veio para nossa história (Mt. 12.28; Mc. 1.15). Foi o mundo de Deus invadindo o nosso. A era futura de Deus irrompendo na era presente dos homens. Logo, não podemos pensar que o Reino de Deus seja algo que veio para nosso interior, como se o lugar de identificação do Reino fosse o coração do crente. Isso seria uma gritante contradição com toda a tradição do Antigo Testamento que era a base do ensino de Jesus, assim como de Paulo. Veja Is. 11.1ss; Dn. 2.31-35,44; 7.14; Zc. 14.9 onde a linguagem do Reino não pode ser espiritualizada com o objetivo de assumir uma conotação de experiência religiosa sem perder seu real sentido nas Escrituras.
Quando Paulo diz que o Reino de Deus é alegria, paz e justiça (Rm. 14.17), ele não pensa em uma experiência religiosa privada, mas sim numa realidade comunitária. Note que o contexto era da boa convivência entre fracos e fortes na igreja de Roma (Rm. 14.1ss).
Temos que enxergar os ensinos, as refeições comunitárias, as curas, o milagre da multiplicação como a forma de Jesus demonstrar a presença do Reino Deus já existente na terra. O Reino provoca uma real transformação na estrutura do mundo criado. Com a chegada do Reino na vida e obra de Jesus, estabeleceu-se o início do fim de tudo aquilo que corrompe e desfigura a criação de Deus. Corretamente Oscar Cullmann declarou que as curas realizadas por Jesus não foram “somente contenção da morte, mas irrupção da vida no domínio do pecado”. O Reino dos céus, visto dessa forma, não é outra coisa senão o mundo de Deus sobrepondo-se ao nosso.
O momento decisivo de tudo isso, foi a morte e ressurreição de Jesus. Em sua morte, ele destruiu todo o poder do mal, MUNDO, CARNE ou PECADO na linguagem bíblica (Rm. 8.3; Gl. 6.14). Com a ressurreição de Jesus o novo mundo de Deus surgiu, a nova criação raiou invadindo a criação antiga (2Co. 5.17; Gl. 6.15). Aquilo que aconteceria no último dia, deu-se início no meio da história com a morte e ressurreição de Jesus. A promessa de Ap. 21.5, ainda por realizar-se de forma última, já foi inaugurada com a ressurreição do Filho de Deus segundo o texto de 2Co. 6.16.
Assim, o Reino de Deus é algo que veio para nossa história (Mt. 12.28; Mc. 1.15). Foi o mundo de Deus invadindo o nosso. A era futura de Deus irrompendo na era presente dos homens. Logo, não podemos pensar que o Reino de Deus seja algo que veio para nosso interior, como se o lugar de identificação do Reino fosse o coração do crente. Isso seria uma gritante contradição com toda a tradição do Antigo Testamento que era a base do ensino de Jesus, assim como de Paulo. Veja Is. 11.1ss; Dn. 2.31-35,44; 7.14; Zc. 14.9 onde a linguagem do Reino não pode ser espiritualizada com o objetivo de assumir uma conotação de experiência religiosa sem perder seu real sentido nas Escrituras.
Quando Paulo diz que o Reino de Deus é alegria, paz e justiça (Rm. 14.17), ele não pensa em uma experiência religiosa privada, mas sim numa realidade comunitária. Note que o contexto era da boa convivência entre fracos e fortes na igreja de Roma (Rm. 14.1ss).
Temos que enxergar os ensinos, as refeições comunitárias, as curas, o milagre da multiplicação como a forma de Jesus demonstrar a presença do Reino Deus já existente na terra. O Reino provoca uma real transformação na estrutura do mundo criado. Com a chegada do Reino na vida e obra de Jesus, estabeleceu-se o início do fim de tudo aquilo que corrompe e desfigura a criação de Deus. Corretamente Oscar Cullmann declarou que as curas realizadas por Jesus não foram “somente contenção da morte, mas irrupção da vida no domínio do pecado”. O Reino dos céus, visto dessa forma, não é outra coisa senão o mundo de Deus sobrepondo-se ao nosso.
O momento decisivo de tudo isso, foi a morte e ressurreição de Jesus. Em sua morte, ele destruiu todo o poder do mal, MUNDO, CARNE ou PECADO na linguagem bíblica (Rm. 8.3; Gl. 6.14). Com a ressurreição de Jesus o novo mundo de Deus surgiu, a nova criação raiou invadindo a criação antiga (2Co. 5.17; Gl. 6.15). Aquilo que aconteceria no último dia, deu-se início no meio da história com a morte e ressurreição de Jesus. A promessa de Ap. 21.5, ainda por realizar-se de forma última, já foi inaugurada com a ressurreição do Filho de Deus segundo o texto de 2Co. 6.16.
O que falar então da música citada anteriormente? Ela descreve uma realidade humana, mas não visualiza a presença da realidade de Deus em nosso mundo. Seria então correto dizer não que iremos morar no céu, numa esperança escapista, mas sim que em breve o céu se unirá por completo com a terra, e teremos um Novo Céu e uma Nova Terra (Is. 65.17; 2Pe. 3.13; Ap. 21.1), tão cheios do “conhecimento do SENHOR como as águas cobrem o mar” (Is. 11.9).
Por desfrutar dessa salvação já realizada mas ainda não plenamente concluída, não posso desejar ser salvo do que Deus criou, mas salvo juntamente com aquilo que Ele criou, e que se encontra já em processo de restauração (At. 3.21; Ef. 1.10; Cl. 1.20). Que nossa proclamação, vista desta perspectiva, possa ser uma espécie de orquestra regida pela real mensagem existente nas Escrituras.