Alguns teólogos do período da reforma protestante tentaram estabelecer critérios como sendo essenciais a uma verdadeira igreja. O primeiro foi a pregação bíblica. Se os membros de uma igreja não se reúnem para estudar a Palavra de Deus eles não estão sendo uma igreja verdadeira. A pregação da Bíblia tem o objetivo de fazer “com que a Palavra de Deus ocupe o lugar central do culto, para que, em conseqüência, ela ocupe o lugar central na vida da Igreja” (João Falcão Sobrinho, A Túnica Inconsúltil, Doutrina da Igreja, p. 57). Não se pode encontrar Cristo em uma igreja onde não se acha espaço para a Palavra de Deus.
Outra marca de uma verdadeira igreja é a correta observância das ordenanças de Cristo. Algumas igrejas realizam “ceia da prosperidade”, “ceia da libertação”, propondo com isto uma espécie de poder mágico existente na ceia, ferindo assim, o objetivo de sua celebração, que é anunciar “a morte do Senhor até que ele venha” (1Co. 11.26).
O batismo é outra ordenança não aplicada corretamente em algumas igrejas. Na igreja católica, por exemplo, pratica-se o batismo acreditando-se que ele tenha o poder de realizar o novo nascimento. A Bíblia, por sua vez, nos ensina que o novo nascimento é operado pelo Espírito Santo mediante aceitação da Palavra de Deus (Tg. 1.18; 1Pe. 1.23).
Por fim, a igreja verdadeira deve ser apostólica. Deve se fundamentar nas doutrinas e práticas por eles estabelecidas. Paulo em Efésios diz que a igreja é “edificada sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular” (Ef. 2.20). E em 1Co. 3.11 o apóstolo afirma que “ninguém pode colocar outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo”. Ser uma comunidade apostólica é ser a igreja de Cristo.
Pedro, em sua segunda carta, deseja que a cristandade relembre os ensinos transmitidos, um dia, pelos apóstolos (2Pe. 3.1-2). Isto é bem diferente de algumas igrejas que buscam novos ensinos, e não o entendimento do que já foi anunciado.
As igrejas devem adquirir uma postura crítica sobre o teor de suas pregações. Qualquer ensino que se distancie daquilo que foi revelado por meio dos apóstolos deve ser abandonado pela verdadeira igreja de Cristo (Gl. 1.6-9). EMIL BRUNNER possui um pensamento bastante esclarecedor sobre isto. Assim ele se expressa: “a forma básica da palavra apostólica é ainda válida como critério pelo qual cada comunidade cristã deve testar sua própria palavra existente, a fim de estar segura que as duas são idênticas” (BRUNNER, p. 33). Em outras palavras, para que a pregação atual da igreja seja verdadeira, ela precisa ser o eco da antiga pregação apostólica.