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segunda-feira, 29 de abril de 2013

CARACTERÍSTICAS DE UMA IGREJA VERDADEIRA


Alguns teólogos do período da reforma protestante tentaram estabelecer critérios como sendo essenciais a uma verdadeira igreja. O primeiro foi a pregação bíblica. Se os membros de uma igreja não se reúnem para estudar a Palavra de Deus eles não estão sendo uma igreja verdadeira. A pregação da Bíblia tem o objetivo de fazer “com que a Palavra de Deus ocupe o lugar central do culto, para que, em conseqüência, ela ocupe o lugar central na vida da Igreja” (João Falcão Sobrinho, A Túnica Inconsúltil, Doutrina da Igreja, p. 57). Não se pode encontrar Cristo em uma igreja onde não se acha espaço para a Palavra de Deus.

Outra marca de uma verdadeira igreja é a correta observância das ordenanças de Cristo. Algumas igrejas realizam “ceia da prosperidade”, “ceia da libertação”, propondo com isto uma espécie de poder mágico existente na ceia, ferindo assim, o objetivo de sua celebração, que é anunciar “a morte do Senhor até que ele venha” (1Co. 11.26).

O batismo é outra ordenança não aplicada corretamente em algumas igrejas. Na igreja católica, por exemplo, pratica-se o batismo acreditando-se que ele tenha o poder de realizar o novo nascimento. A Bíblia, por sua vez, nos ensina que o novo nascimento é operado pelo Espírito Santo mediante aceitação da Palavra de Deus (Tg. 1.18; 1Pe. 1.23).

Por fim, a igreja verdadeira deve ser apostólica. Deve se fundamentar nas doutrinas e práticas por eles estabelecidas. Paulo em Efésios diz que a igreja é “edificada sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular” (Ef. 2.20). E em 1Co. 3.11 o apóstolo afirma que “ninguém pode colocar outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo”. Ser uma comunidade apostólica é ser a igreja de Cristo.

Pedro, em sua segunda carta, deseja que a cristandade relembre os ensinos transmitidos, um dia, pelos apóstolos (2Pe. 3.1-2). Isto é bem diferente de algumas igrejas que buscam novos ensinos, e não o entendimento do que já foi anunciado.

As igrejas devem adquirir uma postura crítica sobre o teor de suas pregações. Qualquer ensino que se distancie daquilo que foi revelado por meio dos apóstolos deve ser abandonado pela verdadeira igreja de Cristo (Gl. 1.6-9). EMIL BRUNNER possui um pensamento bastante esclarecedor sobre isto. Assim ele se expressa: “a forma básica da palavra apostólica é ainda válida como critério pelo qual cada comunidade cristã deve testar sua própria palavra existente, a fim de estar segura que as duas são idênticas” (BRUNNER, p. 33). Em outras palavras, para que a pregação atual da igreja seja verdadeira, ela precisa ser o eco da antiga pregação apostólica.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

OS APÓSTOLOS E A IGREJA


A importância do estudo da igreja e sua relação com os apóstolos, já foi expressa um dia por EMIL BRUNNER, teólogo suíço, que disse: “A comunidade de Jesus só é concebível, somente eficaz, como uma comunidade apostólica”. (BRUNNER, p. 32). Mas como era essa comunidade apostólica?

A primeira igreja no Novo Testamento que temos conhecimento foi a de Jerusalém. Ela foi formada pelos cristãos que presenciaram as aparições do Cristo ressurreto na Galileia. Note que os que ficaram cheios do Espírito Santo eram galileus, pressupondo que eles se deslocaram da Galileia para Jerusalém (At. 2.7).

Nos primeiros capítulos de Atos podemos visualizar como vivia a igreja de Jerusalém. Em At. 2.42-47 temos um sumário feito por Lucas. Os crentes “se dedicavam ao ensino dos apóstolos”, isto significa que “davam atenção constante ao ensino dos apóstolos” (Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, Atos, grifo nosso).

A comunhão, vivenciada no partir do pão era outra característica da igreja de Jerusalém. Estas refeições, provavelmente, traziam à memoria o encontro com Jesus quando ele comeu na presença de todos os discípulos (Lc. 24.41-43; Jo. 21. 12,13). O “partir do pão” (cf. At. 20.7) pode ser também uma forma antiga dos primeiros cristãos se referirem à ceia do Senhor.

A oração era uma prática constante da igreja primitiva. Em At. 4.23-30 vemos um exemplo de como era o teor das orações da cristandade nos primeiros anos de fundação da igreja. É uma oração fundamentada na Bíblia (vs. 25,26; cf. Sl. 2.1,2). Tem a confiança no plano que Deus estabeleceu na eternidade e executado na história (vs. 27,28). Demonstra completa dependência da capacitação dada por Deus para o exercício do ministério (vs. 29,30).

Não podemos deixar de fora os primeiros sermões existentes em Atos, pois estes servem como marca distintiva da verdadeira igreja de Cristo.

Observa-se rapidamente que as pregações iniciais em Atos possuem forte fundamentação bíblica. Veja At. 2.16-21 e compare o texto correspondente em Jl. 2.28-32. Analise também At. 3.18,24,25; 4.11. Os apóstolos usavam o Antigo Testamento aplicando-o corretamente aos eventos da vida de Jesus.

Os sermões eram essencialmente cristocêntricos. Leia At. 2.22-24,31-36; 3.12-16,26; 4.2,10,12 (cf. 1Co. 1.22-25) e veja como os demais temas giram em torno do assunto central, Jesus Cristo o Senhor.

Ao contrário das pregações atuais que afirmam que os crentes devem herdar as riquezas do mundo, ou que nunca passarão por dificuldades, os sermões apostólicos tinham outra proposta: conclamar o povo a um verdadeiro arrependimento (At. 2.37-41; 3.19,20; 17.30; 20.21; 26.20).

JESUS E A IGREJA


Qualquer leitor atento dos evangelhos logo notará, para sua surpresa, como é escasso o uso do termo igreja nos lábios de Jesus. Das mais de 100 vezes em que o Novo Testamento faz uso da palavra igreja, somente duas ocorrências encontram-se nos evangelhos (Mt. 16.18; 18.17).


Aprende-se com estas duas passagens que a igreja do Novo Testamento é uma comunidade cristocêntrica. O próprio contexto nos leva a essa conclusão. Em Mt. 16.16, Pedro tinha terminado de confessar Jesus como o Cristo, para em seguida a esta revelação feita por Deus, surgir a primeira declaração de Jesus sobre a igreja (v. 18) Logo, onde não há confissão de Jesus como o Cristo, ali não poderá existir uma igreja verdadeira.

A igreja também é o resultado da ação do próprio Cristo. Ele é quem a edificaria. Note que em sua declaração, Jesus usa o verbo no tempo futuro, “edificarei” (v. 18). Isto iria ocorrer segundo o renomado teólogo OSCAR CULMANN, “depois de sua morte e ressurreição” (CULMANN, p. 296). Com a morte e ressurreição de Jesus, a promessa da vinda do Espírito Santo (Jo. 14.16,26; 15.26; At. 1.8) pôde ser cumprida no dia de Pentecostes em At. 2, concretizando assim sua declaração que edificaria a igreja.

Já em Mt. 18.17, a fé das primeiras comunidades na real presença de Jesus é expressa no fato de “onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles” (v. 20; cf. Mt. 28.20). É a presença de Jesus no meio dos crentes que faz com que eles sejam uma igreja verdadeira.

Embora Jesus tenha feito uso da palavra igreja somente em duas ocasiões, sua reflexão sobre o tema é bastante extenso nos evangelhos. A igreja deve ser uma comunidade com laços afetivos semelhantes aos existentes em uma família (Mc. 3.34,35; Lc. 8.21). Veja como Paulo faz uso do mesmo exemplo em 1Tm. 5.1,2. A igreja é a família de Deus (Ef. 2.19).

A igreja também é vista por Cristo como o rebanho, “pois foi do agrado do Pai dar-lhes o Reino” (Lc. 12.32; cf. Jo. 10.1-16). O próprio Jesus disse para Pedro cuidar de Suas ovelhas (Jo. 21.15,16), o mesmo conselho dado por ele aos presbíteros em 1Pe. 5. 2,3. Os termos “eleitos” (Mc. 13.20,27) e “escolhidos” (Mt. 22.14; 24.22,24,31; Mc. 13.22; Lc. 18.7) são para Cristo a sua igreja, protegida no evento da tribulação e salva no último dia. Estes são termos empregados também nas cartas do Novo Testamento como forma de descrever a igreja (cf. Rm. 8.33; 11.7; Cl. 3.12; Tt. 1.1; 2Pe. 1.2; Ap. 17.14).