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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

UM CRISTÃO CONVÍCTO DO SEU ATEISMO

Sou cristão pertencente a denominação Batista. Creio em Deus como o Soberano de todo o universo. Sua soberania, no entanto, não é a de um tirano, mas a de um Pai que em sua própria natureza é AMOR. Entendo pela Bíblia que Ele pune os pecados, mas não o vejo como um espião, que secretamente só está interessado em minhas falhas. Creio em suas bênçãos, pelo fato de ser Nele abençoado. Tenho fé no seu retorno da forma que se encontra revelado na Bíblia, não como uma representação hollywoodiana digna de um Óscar. Enfim, sou um cristão protestante.

Pertenço a história recriada pelos reformadores, iniciada pelos Pais da Igreja e instituída por Cristo e seus apóstolos. Mas me recuso a fazer parte deste novo cristianismo, melhor dizendo, pseudo-cristianismo surgido nas últimas décadas. Declaro, com isto, que embora seja cristão, sou ateu deste falso cristianismo dos dias atuais.

Não creio nesse deus que se assemelha mais a uma caixa registradora, onde os consumidores vão receber seu troco (bênção) pela compra efetuada. Neste cristianismo Deus não abençoa por sua Graça, Ele simplesmente não faz mais do que sua obrigação ao entregar o que é de direito do consumidor, desculpem, do fiel. Ou seria fiel consumidor?

Recuso-me a acreditar em um cristianismo, que embora existindo no século XXI vive com práticas características da Idade Média. Eis algumas: corredor dos 318, ou dos 70, rosa ungida, troca do anjo da guarda, oração sobre o copo com água, banho da trindade, venda de colunas em miniatura, martelinhos de poder e outras práticas afins são algumas que podem ser encontradas no extenso catálogo deste falso misticismo. Diga-se de passagem, bastante criativo.

Não há lugar em minha razão (e somente por causa dela posso ter fé em Deus) para concordar que um objeto possa servir como um meio de graça somente porque recebeu a oração de uma pessoa especial. Usa-se o óleo para ungir não somente doentes como se encontra em Tiago 5.14, mas também para consagrar novos decididos. Mas se ainda usam o óleo com base no pressuposto bíblico porque não aplicam o vinho como recurso terapêutico para quem sofre de doenças de estômago como ensina o apóstolo Paulo em Timóteo 5.23?

Como acreditar em um cristianismo onde pregadores deixam de ser imitadores de Cristo, para se tornarem em duplicatas de seus líderes. Nestes proclamadores não se ouvi a voz do Senhor, escuta-se a insuportável representação teatral dos seus senhores feudais. Deus não precisa mais ser onipresente nestas igrejas, pois os seus líderes já deram um jeito de estarem em todas elas ao mesmo tempo por meio das suas marionetes.

Sou crente o bastante para não acreditar nestes grandes HOMENS de deus. Eles deveriam ser corajosos o suficiente para declararem aos seus súditos o tipo de oração que existe dentro deles: "Deus, estou fazendo a minha vontade na terra, assim como o senhor faz a sua no céu." Estes grandes HOMENS não podem ser seres humanos. Não consigo vê-los também como super-homens. Só me resta admitir que são sub-humanos. Perderam sua humanidade dada por Deus, e se revestiram de uma feita por eles mesmos. O docetismo é a melhor descrição para essas pessoas. Aparentam ser aquilo que na verdade não são.

Termino este meu manifesto agradecendo a Deus pelo meu ateísmo cristão.